Teatro Escola Macunaíma on jul 20, 2023
Conheça a história de Wanderley Martins, professor e descendente direto do sistema de Stanislávski, que marcou presença no Café Teatral do Macu. Além disso, suas influências no teatro e sua trajetória de vida dedicada à arte.
Acima de tudo, o Café Teatral, que celebra seus quatorze anos de história, recebeu em maio o ilustre Wanderley Martins. Fechando os encontros do semestre, sua participação foi uma ocasião significativa, relacionada ao tema em investigação: “O sistema de Stanislávski – Raízes e Descendências“.
Todavia, professor do Macu desde 1978, Wanderley Martins representa as raízes de nossa própria escola, fundada em 1974. Além disso, ele foi aluno de Eugênio Kusnet, um dos responsáveis pela chegada do sistema de Stanislávski ao Brasil.
O que o torna, portanto, um descendente direto do pensamento e da prática do mestre russo, tal como foram recebidos nacionalmente.
Formado em Artes Cênicas pela Universidade de São Paulo em 1976, Wanderley Martins começou sua carreira profissional atuando em “Mahagony – A Cidade dos Prazeres”, espetáculo inspirado na obra Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny, escrita por Bertolt Brecht em parceria com o compositor Kurt Weill.
Assim, atuando ao lado de Esther Góes e Renato Borghi, Wanderley Martins foi dirigido pelo grande artista Ademar Guerra. E se encantou pelo teatro épico do teatrólogo alemão Brecht, bem como pela música cênica com função crítica. Um início decisivo, cujas marcas se fazem ver em sua trajetória teatral a partir de então.
Leia também: Curso Iniciante do Macu: Tensão e o medo dão lugar à liberdade
Contudo, a habilidade musical de Wanderley Martins também o destacou no cenário teatral. E em 1979, estreou como diretor musical do espetáculo “Na Carreira do Divino”, de Carlos Alberto Soffredini, com direção geral de Paulo Betti.
Recebeu os prêmios APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e Mambembe de Teatro de Melhor Música e Direção Musical. No ano seguinte, 1980, ganha novamente o Prêmio APCA de Melhor Direção Musical, em parceria com Tato Fischer, com a peça “Foi Bom”, “Meu Bem”, de Luíz Alberto de Abreu.
E, ao longo das décadas de 1980 e 90, recebe muitos outros prêmios, como o da APETESP (Associação dos Produtores de Espetáculo do Estado de São Paulo).
Já nos anos 2000, com “Bodas de Sangue”, de Garcia Lorca e direção de Ilo Krugli, leva o Prêmio Shell de Melhor Música, em parceria com Caique Botkai e João Boleto. Isso tudo em reconhecimento ao seu trabalho e dedicação ao teatro, somados às suas habilidades musicais.
Wanderley Martins integrou vários grupos teatrais: Mambembe, Paideia, Vento Forte, Teatro do Incêndio. E foi ainda professor da Escola de Arte Dramática da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo por quatro anos durante a década de 1980.
Em 1986, participou da fundação do Departamento de Artes Cênicas do Instituto de Artes da Unicamp, onde leciona até o momento. No qual, também foi candidato à diretoria da Adunicamp, em 2018, pela Chapa Adunicamp Plural e Democrática, que saiu vencedora.
A presença de Wanderley Martins no Café Teatral, organizado pela professora Marcia Azevedo e produzido pelo Macu, resgatou uma antiga tradição. Pois durante alguns anos, esses encontros foram dedicados a receber os professores da escola, proporcionando trocas e diálogos sobre pesquisas e trajetórias ligadas ao Sistema de Stanislávski.
No entanto, o mais interessante no bate-papo com Wanderley Martins foi a possibilidade de revisitar nossas raízes e descendências por meio da experiência de um dos nossos professores. Ter a oportunidade de acompanhar a narrativa de uma vida dedicada à arte só potencializou esse importante espaço de troca e complementação da formação de nosso corpo discente.
Em suma, encerrar um texto com Wanderley Martins é lembrar de um legado valioso. Sua trajetória no teatro e na educação marcou vidas e deixou uma herança cultural inestimável.
Como descendente direto do sistema de Stanislávski, ele continua inspirando novas gerações a explorarem o mundo das artes cênicas com paixão e dedicação. Seu compromisso com a arte e a formação de talentos nos convida a refletir sobre a importância do teatro em nossa sociedade e sua capacidade de transformar vidas.