Em fins de janeiro, a equipe do Macu, direção, coordenação e professores, se reuniu para planejar o novo semestre letivo e, assim, discutir o tema que norteará os processos de pesquisa com os alunos: Dos Sonhos Que nos Movem – Imaginar – Agir – Comunicar.

Em dois outros post, falamos sobre os bons encontros e sobre duas palestras que que marcaram este momento de retomada, realizadas pelo professoroJosé Sergio Fonseca de Carvalho e por Amauri Ferreira.

Cada um deles procurou evidenciar uma relação direta com um dos termos do enunciado do tema, no caso, Imaginar e Agir. A fim, portanto, de completar esta documentação, registramos agora mais uma palestra, na qual se realça a questão do Comunicar.

 “Os processos de montagem do Galpão”

            Para os artistas teatrais, Eduardo Moreira dispensa apresentações. Afinal de contas, ele é um dos fundadores e o diretor artístico de um grupo que está próximo de completar os seus 40 anos de existência, o Galpão de Belo Horizonte. Sua fala foi pautada pelo enunciado “Quem faz o caminho é o próprio caminhante.” E, portanto, pelo ensinamento prático das experiências que se acumulam e se transformam em conhecimento.

Neste sentido, ele ressaltou o aprendizado que a criação do Galpão representou para os seus integrantes, além do valor ético do que se conhece hoje como teatro de grupo. E destacou o processo de duas montagens, que apontam para a heterogeneidade de estilos do Galpão: Romeu e Julieta (1992 – remontada em outros momentos), adaptação da peça de William Shakespeare, e Nós (2016)

Romeu e Julieta marcou o reconhecimento do grupo no cenário teatral

E teve como diretor Gabriel Vilela. Já Nós, que celebra o encontro do Galpão com o teatro de Marcio Abreu, diretor da Companhia Brasileira de Teatro (Curitiba), segue um caminho mais performativo, suscitado pelas circunstâncias do próprio grupo e de seus atores.

A abordagem de tais processos trouxe à tona a questão da Comunicação, que foi bastante explorada em sua fala. Ela foi ensejada, principalmente, pelo contraponto entre estes dois processos de criação. Pois, enquanto a peça Nós foi criada para ser apresentada no espaço convencional do teatro, Romeu e Julieta, enquanto adaptação popular do clássico shakespeariano, era encenada na rua e, portanto, em contato direto com o público.

A Veraneio de Romeu e Julieta, palco e meio de locomoção da trupe, viajou por muitos lugares. Por isso, a fala de Eduardo sublinhou a importância de um trabalho continuado, viabilizado pela permanência, ainda que por um período não tão longo, em certos lugares visitados. E isso porque, este tipo de produção, que pressupõe uma relação de aprendizado entre atores e espectadores, resultou em experiências muito mais intensas para ambos. 

A partir desta proximidade, foi também refletido como os espectadores interferiam nas propostas estéticas do espetáculo. E, neste mesmo sentido, também foi discutido como a relação criativa mediana pelo público era recebida pelo grupo e ensejava uma outra forma de se fazer teatro, em que a Comunicação é considerada um elemento primordial ao longo do processo de criação e apresentação.

            Todos os bons encontros viabilizados pela Semana de Planejamento do Macu continuam a reverberar em nós, artistas e educadores, durante este semestre. Os debates e reflexões gerados serão levados agora para a sala de aula, onde deverão ser reprocessados na relação com nossos alunos. E, mais, aprofundados por nossas pesquisas, potencializadas por belos exemplos de como se Imaginar, Agir e Comunicar, ou seja, do tripé balizar do fazer teatral.

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