No dia 14 de setembro, a Unidade Macu Campinas recebeu com honra Awa Mbarete e Lu Ahamy para mais uma edição do Café Teatral. O bate-papo foi pensado em conexão com o tema em investigação no segundo semestre de 2023: O Rito e o Sagrado na Poética da Criação e das Relações. E, por isso, o encontro teve como título “ETE”, que significa sagrado na língua guarani.       

Awa Mbarete e Lu Ahamy: Defensores da Causa Indígena

Em primeiro lugar, Awa Mbarete e Lu Ahamy são membros da etnia Guarani Mbya, cuja comunidade se encontra no interior e no litoral dos estados do sul e sudeste do Brasil, junto à Mata Atlântica. Além de participarem ativamente da causa indígena, lideram a Organização da Sociedade Civil (OSC) Etnicidade de Campinas.

Além disso, os Mbya são um subgrupo do povo guarani, que se diferencia dos demais em relação à localização, a certas expressões e a elementos da cultura artesanal. Também no que se refere aos rituais, os Mbya têm algumas músicas e cantos específicos.

Awa Mbarete e Lu Ahamy: O sagrado no contexto Guarani Mbya

Contudo, Awa Mbarete e Lu Ahamy destacaram três instâncias do sagrado no contexto indígena Guarani Mbya: a culinária, o grafismo e a relação com a natureza. Assim, sobre a culinária, Lu Ahamy contou que nasceu na Terra Indígena Guarani Rio Silveira, em Bertioga/SP, onde aprendeu a arte de cozinhar.

Nesse sentido, o alimento, para os povos indígenas, representa muito mais do que uma forma de subsistência. Pois, como apontou Lu Ahamy, a culinária carrega traços da ancestralidade Guarani Mbya.

Para Ahamy, a potência de seu povo se revela também na arte gastronômica, que une ingredientes triviais com grande sofisticação. Como, por exemplo, o Pirá Txunn Rewe, prato tradicional Guarani Mbya, composto por peixe frito com paçoca de banana verde, acompanhado por arroz branco e salada.

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O grafismo e a natureza

Em outras palavras, o casal falou ainda sobre o mundo sagrado do grafismo corporal e suas histórias. Arte típica Guarani Mbya, Awa Mbarete e Lu Ahamy apresentaram como as tintas são feitas e explicaram o porquê de cada traço nos corpos e artefatos.

Outro ponto importante do bate-papo foi a ênfase dada à relação dos Guarani Mbya com a natureza. Respeito e equilíbrio são palavras-chave e que definem um relacionamento permeado pelo afeto e pelo sagrado, como se a terra fosse a “grande mãe”.

Um modelo de vida sustentável

Por fim, os indígenas tiram não só sua nutrição física, como espiritual, da natureza. E, portanto, constroem sua história com ela, extraindo apenas o necessário para sua sobrevivência.

Portanto, pode-se dizer que não só os Guarani Mbya, mas os povos indígenas de modo geral, são modelos inspiradores para uma vida sustentável. Já que a natureza, para eles é vida, e a vida, sagrada.

Além das contribuições para o atual tema de investigação, Awa Mbarete e Lu Ahamy proporcionaram um mergulho na cultura dos povos originários do Brasil. E viabilizaram aos participantes do Café Teatral Macu uma incrível experiência. Ao casal, todo o nosso agradecimento! 

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