Antes de mais nada, o Café Teatral do Macu trouxe, no mês de abril, uma discussão enriquecedora sobre a alteridade nas artes cênicas. Alexandra Tavares e Eduardo Joly, do Núcleo Nós, compartilharam suas experiências e reflexões sobre “Dramaturgias das alteridades em processos de criação”, destacando seu mais recente trabalho, “Atlântica Desaparecida – Parte 1 – Antroma”. Vamos explorar os principais pontos desse encontro e a relevância do conceito de alteridade nas artes.

Alteridade: O Núcleo Nós

Primeiramente, o Núcleo Nós nasceu da parceria entre Alexandra Tavares, atriz e artista do corpo, e Eduardo Joly, artista e performer sonoro. Desde 2008, o núcleo procura desenvolver em seus trabalhos artísticos os princípios de coexistência e co-criação. Por isso, busca explorar relações com diferentes artistas e linguagens em processos de criação nas artes da cena.

Sobretudo, uma característica constante do Núcleo Nós é a pesquisa da alteridade não apenas como tema, mas como linguagem. Isso se manifesta através do embate entre som e corpo e das estratégias de sobrevivência em cena, marcadas pela linguagem do outro.

 “Atlântica Desaparecida”

Ainda mais, o projeto “Atlântica Desaparecida” do Núcleo Nós foi contemplado pela 16ª Edição do Prêmio Zé Renato, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Este projeto se propõe a investigar o suposto desaparecimento do imaginário de uma floresta e a resistência de seus ecos.

Nesse sentido, inspirado pela convivência com fragmentos da Mata Atlântica em São Paulo, o Núcleo Nós se questiona sobre como viabilizar a retomada desse espaço pela floresta em territórios dominados por atividades humanas.

Além disso, “Atlântica Parte 1 – Antroma” é o primeiro resultado deste projeto, explorando diferentes procedimentos de escuta: do ambiente sonoro da Mata Atlântica, do corpo e de diversas vozes. A encenação utiliza frequências sonoras e fluxos de movimento para criar vínculos relacionais entre os corpos dos atuantes e do público, situando-se na intersecção entre performance sonora e visual.

A conversa do Café Teatral: Alteridade

Por sua vez, o tema da alteridade foi o ponto alto da conversa no Café Teatral, destacando como nos constituímos por meio de relações de contraste, distinção ou diferença. Dessa maneira, foi enfatizada a importância de nos colocarmos no lugar do outro e reconhecermos as diferenças culturais, promovendo respeito e compreensão, perceber o outro como uma pessoa singular e subjetiva.

Por outro lado, também é da maior urgência o reconhecimento das diferenças culturais e, portanto, o respeito à natureza. Sendo assim, a existência da Mata Atlântica e sua preservação, de que trata o projeto do Núcleo Nós, é ou deveria ser uma responsabilidade social, que diz respeito a cada um de nós.

Por fim, mais uma vez a arte e o teatro cumprem o seu papel crítico de levantar questões e mobilizar a transformação! Vida longa ao Núcleo Nós e ao projeto “Atlântica Desaparecida”!

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