Reflexões sobre o “novo método” de Stanislávski

[…] o novo método logo coloca todas as questões relacionadas ao papel no plano da vida humana e pessoal do próprio criador. O novo método nos permite resolver as questões do papel a partir da vida do ator, ou seja, em seu próprio nome.

Os exercícios e as reflexões propostas na Semana de Planejamento do Macu, que aconteceu entre os dias 31 de julho e 02 de agosto de 2018, foram inspirados na citação acima, extraída do artigo “O ‘novo método’ de Stanislávski segundo seu último texto: ‘Abordagem à criação do papel, descoberta de si mesmo no papel e o papel em si mesmo’”. De autoria da professora do Departamento das Letras Russas da FFLCH/USP Elena Vássina, esse artigo saiu em 2015, na Revista Moringa – Artes do Espetáculo, uma publicação do Departamento de Artes Cênicas da Universidade Federal de João Pessoal, e pode ser acessado através do link: http://www.periodicos.ufpb.br/index.php/moringa/article/view/27185/14490

O trecho aqui mencionado, que se configura como a primeira particularidade do “novo método”, corresponde a uma citação do próprio Stanislávski no texto que dá título ao artigo de Elena: “Abordagem à Criação do Papel…” Ainda inédito fora da Rússia, esse texto foi lançado pela primeira vez em 1994, na nova edição das obras completas de Stanislávski. Como complementa Elena: “O último texto de Stanislavski […] é um resumo do processo pedagógico de ensaios desenvolvido no seu Estúdio de Ópera e de Arte Dramática que foi fundado em março de 1935” (p.123).

O “novo método”

Segundo Elena Vássina: “Naquilo que Stanislávski chama de ‘novo método’ ele tenta eliminar, antes de mais nada, toda a ‘violência’ do diretor sobre o ator, do pedagogo sobre o discípulo. O ‘novo método’ visa o desenvolvimento da personalidade artística do discípulo/ator-criador à base de sua independência na elaboração de études e improvisações livres a partir da descoberta de si mesmo no papel e do papel em si mesmo” (p.124).

Outra particularidade do novo método é a integração entre corpo e mente, que se revela no sentir-se “aqui, hoje, agora”, em que o ator tem total autonomia para agir por seus próprios impulsos de criação, a partir do universo proposto pelo autor. Por isso, e na tentativa de se repensar a teoria e a prática de Konstantin Stanislávski tendo em vista as descobertas mais recentes de seu legado, essa tríade irá impulsionar a elaboração dos projetos de criação do segundo semestre de 2018, e o Tema da Mostra será: Aqui, hoje, agora, como da primeira vez.